quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Tempo

A linha que separa os sentimentos de amor e ódio em relação ao tempo é tênue. Somos escravos do tique-taque do relógio, e os ponteiros conduzem todas as ações do dia a dia.

Muitas vezes, pedimos para o tempo passar mais rápido. Outras vezes, caímos em contradição e gostaríamos que ele parasse. Quebrar o relógio até que poderia ajudar nesse caso. Mas o tempo não pararia. Pelo contrário. Seria desperdiçado. E ele é um bem tão precioso que não devemos abrir mão.

Mas esse tempo, misterioso e contraditório, nos reserva também verdadeiras delícias gastronômicas, que resistiram aos anos, aos séculos e aos milênios para saciar o nosso desejo presente. O tempo nos traz, de um período longínquo, receitas que se renovam entre as paredes da nossa cozinha todos os dias.

A gastronomia acompanhou a humanidade e percorreu os longos caminhos da história. Os primeiros passos foram percorridos já pelo Homo Sapiens, que caçava animais terrestres, aves e peixes para se alimentar. Mais tarde, há aproximadamente nove mil anos, os chineses prepararam as primeiras massas e, no mesmo período, os primeiros grãos de arroz eram colhidos. Na Itália do século XVI, os tomates começaram a ser misturados à massa. E, na França do século XVII, o rei Luis XIV criou uma ordem de apresentação dos pratos à mesa, começando pelas sopas, passando pelas entradas, seguidas dos assados e saladas e, por fim, as sobremesas.

Se Chronos, Deus do tempo na mitologia grega, tem mesmo o poder de controlá-lo, soube distribuí-lo muito bem. Presente na música, na literatura, no cinema, na gastronomia, nosso tempo é cada vez mais escasso e precioso. Mas, ainda assim, esperamos 30 meses para o saboroso presunto de Parma curar para podermos consumi-lo.
Mas e aquele breve tempo de espera num restaurante, após fazermos o pedido? Parece uma eternidade! A fome aumenta conforme o prato se aproxima: um panini, típico sanduíche italiano, preparado com fatias finas de presunto Parma, uma saborosa e macia camada derretida de mozarela de búfala, tomates suculentos cortados em cubos e uma aromática folha de manjericão. O perfume da massa fresca e quentinha, preparada no forno à lenha, se espalha pelo salão e seu poder de sedução paralisa o exato instante da degustação.

Tão poderoso a ponto de acelerar ou reduzir a velocidade ao seu bel prazer, o tempo simplesmente se paralisa para contemplar cada mordida no panini. E então, não perca mais tempo. Venha logo conhecer as maravilhosas receitas do Mr. Lenha.

Depois, não adianta reclamar que continua perdendo tempo!             

Nenhum comentário:

Postar um comentário