segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Música para abrir o apetite


O cardápio musical está servido. Laços que unem a música à gastronomia trazem versos que abrem o apetite e aguçam uma sensação única, que liga a audição ao paladar em perfeita harmonia: o desejo, que desperta enquanto toca uma canção e deleita-se diante de um repertório de lamber os beiços.

Pode parecer estranho, mas grandes compositores da Música Popular Brasileira prepararam um verdadeiro banquete:

“No tabuleiro da baiana”, de Ary Barroso, tem vatapá, cururu, mugunzá, umbu, além de muito suingue e malemolência. Já a “Feijoada completa”, de Chico Buarque, é bem refogada e leva bastante torresmo, linguiça, paio, carne seca e toucinho, acompanhada de arroz, farofa, malagueta, laranja seleta e couve mineira. A poesia de Chico remonta às tradicionais feijoadas festivas de domingo, regadas a boa comida, bebida gelada e grandes amigos.

Como não lembrar do “Vatapá”, de Caymmi, ou das iguarias típicas do mar em “Peixe com coco”, cantada, com primazia, por Clara Nunes? A saudade de comer também virou samba na voz de Simone com “Tô voltando”. Sua letra retrata o amor, a paixão e, em meio a tudo isso, a falta que faz aquele rango caseiro.

Os divertidos versos de Noel Rosa não poderiam ficar de fora. O poeta da Vila descreve, com Braguinha, em “Prato fundo”, os hábitos alimentares de uma família que, de tão esfomeada, precisa de pratos fundos para dar conta de tamanha comilança. Erasmo Carlos seguiu a mesma linha de Noel e cantou a fartura em “O Comilão”. Por outro lado, Aldir Blanc e João Bosco compuseram a escassez em “O Rancho da Goiabada”, que fala sobre a comida dos sonhos.

Inspirados em culinária, Aldir Blanc e João Bosco tiveram ainda a ideia de juntar linguiça, paio, bolo de fubá, chimarrão, angu e mexilhão em “Linha de passe”. A obra é uma mistura cozida, assada, frita e bem temperada de dar água na boca. Mas com tantos pratos, faltaram os doces. Como não lembrar, então, de “Chocolate”, de Tim Maia? E nem adianta vir com guaraná!

Além de chocolate, tem algo mais para sobremesa? “Yes, nós temos bananas” para adoçar os ouvidos. A marchinha de Braguinha ficou eternizada na voz da Pequena Notável Carmem Miranda.

Quantas obras nos presenteiam com versos que soam tão deliciosos quanto os ingredientes das mais saborosas receitas! E nós, do Mr. Lenha, prestamos uma singela homenagem àqueles que mesclam, com tanta paixão, gastronomia e música.

Sirvam-se à vontade!

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